Fortaleza, estranho céu


Um fato curioso sobre algumas pessoas que moram fora: voltar pode ser angustiante. Pensei nisso enquanto saía da cabine do avião. O ar é diferente, o céu está diferente. Então, cabeça oca, pensei eu, o céu é o mesmo! Mas será? Às vezes, olhar o céu de casa perde a graça—ele se torna pano de fundo para o relógio correndo, o trânsito parado, os boletos chegando. E quando olhamos para cima, é só para torcer que não chova.

Mas ao sair do aeroporto, eu olhei. Puxei o ar, e ele estava úmido, abafado, quente. Eu não lembrava de ser assim antes de ir embora. Antes, tudo parecia caber no meu corpo. Agora, o ar pesa mais nos ombros, ou talvez eu é que tenha ficado mais leve.

Lembrei do que uma amiga me disse num jantar, na véspera da minha viagem: a gente espera que as coisas estejam como as deixamos, mas elas nunca estão. Pior, talvez, seja perceber que nós também não estamos.

E estou aqui, sentada à mesa, a digitar palavras que talvez façam sentido, tentando te explicar essa sensação: a de que voltei, mas nada do que deixei aqui parece mais meu.

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